O teatro do Centro Empresarial, Social e Cultural de Brusque (CESCB) se transformou em passarela na noite da última sexta-feira, 27 de maio. A 9ª edição do Desfile das Costureiras e Costureiros, em 2022, foi uma realização do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque, Guabiruba e Botuverá (Sintrivest), Sindicato das Indústrias do Vestuário de Brusque e Região (Sindivest), Centro Universitário de Brusque (Unifebe), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Brusque), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/Brusque) e Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr).
A costureira Clécia Rafaela Oliveira da Silva, 32 anos, foi a primeira a desfilar um look inteirinho produzido por ela. Quem viu a confiança e desenvoltura na passarela, nem imaginou que há apenas três meses ela integra o setor. “Vim do Pará para Brusque faz um ano e, por falta de qualificação, estava desempregada. Consegui vaga em uma formação gratuita, conquistei meu primeiro emprego e hoje estou aqui, para comemorar minha mudança de vida”, diz ela, cheia de emoção.
E, apesar do Desfile das Costureiras e Costureiros reunir novos profissionais, ele também congrega quem vive da profissão há tanto tempo que nem se considera mais capaz de trabalhar em outra área. É o caso de Cleusa Antunes da Rosa, 45 anos, que há duas décadas mantém os filhos com o salário de costureira. “Sou feliz por saber que as pessoas vão vestir as peças que costuro e sou grata pelo trabalho que tenho, que contribui no sustento da minha família”, afirma.
Na 9ª edição do Desfile das Costureiras e Costureiros foi possível conhecer Arnaldo Venturi Neto, de 21 anos. Ele, que conheceu o poder de uma máquina de costura aos 12 anos, na tecelagem do padrasto, hoje encontra na profissão muito mais do que uma atividade laboral. Para o jovem, a moda é uma forma de se expressar. “Sempre gostei de rasgar minhas roupas, de me expressar através do que estou vestindo”, destaca.
Entidades enaltecem projeto
O Sintrivest é o idealizador do Desfile das Costureiras, evento que ocorre desde 2011 e que foi agregando outros parceiros ao longo dos anos. A presidente da entidade, Marli Leandro, enaltece o crescimento do projeto e, ao mesmo tempo, a permanência de seu objetivo principal.
“Estamos aqui para homenagear as costureiras e costureiros, uma profissão milenar e tão importante para a economia e o desenvolvimento da nossa cidade e região. Ao longo dos anos, fomos agregando parceiros que representam o setor ou que oferecem formação profissional. Hoje, concluímos mais uma edição e perceber a alegria e o entusiasmo de todos foi muito gratificante”, comemora.
Para a presidente do Sintrivest, é necessário chamar a atenção das pessoas para a importância do ofício que, mesmo diante de tantas inovações, ainda depende da intervenção humana. “Acredito que um robô ou uma máquina não serão capazes de substituir a criatividade, o empenho e a técnica dos profissionais da costura. Por isso mesmo, é necessário pensar na qualificação profissional, já que há sempre vagas disponíveis para esta mão-de-obra na nossa cidade e região”, destaca Marli.
A presidente do Sindivest, Onésia Adriana Liotto, reforça a importância desta valorização profissional. “Esta semana comemoramos o Dia das Costureiras e Costureiros e, por isso mesmo, organizamos mais uma edição deste desfile, que há dois anos não acontecia, por conta da pandemia. Esta profissão é muito bonita, porque torna nossas indústrias mais humanizadas. Percebemos o carinho que cada um entrega no momento da produção. Queremos, cada vez mais, que as pessoas se sintam queridas e valorizadas no ambiente do trabalho”, pontua.
Capacitação profissional
Uma das parceiras mais antigas do Desfile das Costureiras é a Unifebe que, mais uma vez, trouxe a produção de seus acadêmicos para a passarela, sob o comando da coordenadora do curso de Design de Moda, Jô Rosa. “Somos em seis entidades realizadoras que, ao longo desta coordenação, se tornou uma só. Enalteço a unidade que vivenciamos hoje. O mesmo carinho e atenção que tenho pelas nossas acadêmicas, se estende para todos os participantes. Estamos juntos, celebrando uma profissão importante para o Vale do Itajaí”, reforça.
O supervisor de Aprendizagem Industrial do Senai, Paulo Fernando Mazera, destaca o sentimento de ver seus alunos em evidência. “É um projeto que envolve capacidades técnicas e comportamentais. Toda a turma esteve envolvida na confecção de seus looks e hoje testemunhamos este brilho no olho e o sentimento de realização. É gratificante”, ressalta.
A emoção também foi destacada pela coordenadora educacional do Senac, Lucimar Vieira Nass. “Trazer nossos alunos para este projeto é um grande orgulho. Eles ficam empolgados e felizes por se envolverem em uma experiência tão diferente daquelas que estão acostumados”, diz.
Já a presidente da Ampe Brusque, Sandra Neli Werner, ficou encantada com o resultado do projeto. “Nosso empenho é para que estas pessoas possam deixar todos os dias seus postos de trabalho satisfeitas porque tem uma profissão digna, importante e bem remunerada”, observa.