Vacina contra Covid-19: quando chegará aos trabalhadores e trabalhadoras?

O Brasil vive desde o último dia 18 de janeiro, uma ponta de esperança com o início da vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Desde março do ano passado, as incertezas que cercam a doença, a perda inestimável de vidas em todo país, e a ausência de comprometimento com a Nação por parte de muitos governantes, especialmente do presidente da República, que subestimou e ainda subestima a mortalidade do vírus, ganha agora um novo rumo.

Até o dia 19 de janeiro, o Ministério da Saúde confirmou a entrega de 6 milhões de doses da CoronaVac, desenvolvida em parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, para todos os estados e o Distrito Federal. As informações são da Agência Brasil. Outras 900 mil doses foram liberadas no dia 22.

A vacinação teve início pelos grupos prioritários da chamada fase 1: trabalhadores de saúde, pessoas institucionalizadas (que residem em asilos) com 60 anos de idade ou mais, pessoas institucionalizadas com deficiência e população indígena aldeada.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, Santa Catarina recebeu, nesta primeira fase, um total 144.040 doses da CoronaVac, que serão usadas para imunizar 68.580 pessoas. O primeiro grupo a receber as vacinas aqui no Estado é formado por trabalhadores da saúde, a população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência, como asilos e instituições psiquiátricas, e população indígena que vivem em aldeias. A cidade de Brusque recebeu 1.096 doses e iniciou no dia 19 a campanha ‘Vacinar é Proteger’ seguindo o que determina o Plano Nacional de Imunização (PNI) elaborado pelo governo federal.

Já no final de semana, o Ministério da Saúde começou a distribuição dos 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford, produzidas pelo laboratório indiano Serum. Desta vez, Santa Catarina recebeu, ainda no domingo, 24 de janeiro, 47.500 doses e seguirá com o plano de vacinação e reenvio aos municípios.

Segundo o Ministério da Saúde, 100 milhões de doses dessa vacina foram encomendadas para serem distribuídas ainda no primeiro semestre deste ano. Já com relação à vacina CoronaVac, foram entregues 6,9 milhões de doses e até abril, o Butantan entregará 46 milhões de vacinas contra o novo coronavírus para todo o país.

Poucas doses X população

O número de doses de vacina é relativamente baixo, considerando que a população brasileira já ultrapassa 210 milhões de pessoas e que o número de vidas perdidas pela doença e em razão de complicações causadas pelo vírus, ainda é diário.  Até esta segunda-feira, 25 de janeiro, 217.037 pessoas morreram por conta da Covid-19 no país, interrompendo seus projetos, ações e deixando familiares com uma tristeza irreparável.

Diante deste cenário, é inevitável o questionamento: quando a vacina estará disponível aos trabalhadores e trabalhadoras? À toda população? A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Região, Marli Leandro, ressalta que é obrigação do governo federal garantir vacina para todos e no menor espaço de tempo. “É inconcebível que depois de tantos meses vivendo a pandemia, o Brasil não tenha se preparado para comprar a vacina para toda população, e mais ainda, que não tenha garantido o número de doses suficiente ainda em 2021”, enfatiza.

Segundo Marli, existe a preocupação recorrente com a economia, que não pode parar, com as indústrias que precisam girar e aumentar suas produções, com o comércio que precisa estar aquecido, mas para que tudo isto ocorra, é necessário ter uma população imunizada e saudável; trabalhadores vacinados contra a Covid-19, já que são eles a força trabalhadora que move o país, que produz a diversidade dos itens e produtos do Brasil. “É lamentável que questões políticas estejam acima do maior bem que tem o ser humano: sua vida. É um desalento ouvir o chefe maior da nossa Nação comparando este vírus com uma ‘gripezinha’, se eximindo de sua responsabilidade ditada pela Constituição Federal, onde diz que ‘a saúde é direito de todos e dever do Estado’. Precisamos da vacina, em doses suficientes para afastar esta doença que tanto mal causou e ainda causa no mundo. E precisamos de um presidente que governe para o bem do seu povo e que leve a sério os riscos de um vírus mortal”, complementa.

 

 

Confira as principais ações do Sintrivest em 2020 e as perspectivas para 2021

O ano de 2020 se encerrou deixando como saldo a certeza de que foi um período desafiador na vida de diversos trabalhadores e trabalhadoras. As incertezas trazidas pela pandemia da Covid-19, que tirou milhares de vidas no mundo inteiro, tiveram que ser enfrentadas por todos. Nesta retrospectiva, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Região, Marli Leandro, destaca as principais ações realizadas pelo Sintrivest em 2020, e a perspectivas para 2021. “Sem dúvida foi um ano atípico, com muitos acontecimentos que não esperávamos. Um ano difícil e desafiador para toda classe trabalhadora, que foi o grupo que mais sentiu e sofreu todos os problemas decorrentes da pandemia. Se observarmos a questão do dia a dia da classe trabalhadora, que não tinha escola para os seus filhos, não tinha transporte público para trabalhar, tendo que sair do emprego para cuidar das crianças, percebemos o quanto foi difícil enfrentar toda essa problemática que ainda estamos vivendo. O ano finalizou e ainda não demos conta de minimizar esta situação”, comenta Marli.

Confira os principais temas abordados pela presidente:

Rescisões de contrato de trabalho

“Se olharmos a questão das pessoas que perderam seus empregos, que tiveram seus contratos suspensos ou jornadas de trabalho reduzidas, tivemos um número muito alto na nossa categoria. O mês de abril registrou o maior índice de rescisões. Apesar disso, em um comparativo com os anos anteriores, vimos que o número total não ficou muito acima do que se apresenta a cada ano. Em 2020 passaram pelo sindicato um total de 2.087 rescisões. Mesmo que em abril o número tenha sido maior, em julho e agosto o setor apresentou uma retomada, tanto que muitas empresas encerraram 2020 com falta de mão de obra”, comenta.

Atendimentos Médicos e Odontológicos

“Nós tomamos várias medidas desde o início da pandemia sempre pensando na proteção e bem-estar dos associados que vinham ao sindicato, como também dos nossos funcionários. Sempre tivemos essa preocupação, seguimos todos os protocolos que eram colocados para população e conseguimos atravessar este período relativamente bem. Reduzimos os serviços por algum tempo, depois retomamos, mas sempre com muito cuidado e respeito por todas as pessoas que procuraram o sindicato. Trabalhamos com horários agendados por algum tempo, e mesmo com os serviços e tratamentos reduzidos por alguns meses, tivemos um número bastante expressivo de atendimentos de todos os profissionais que prestam serviços ao sindicato, tanto na sede em Brusque, quanto na subsede em Guabiruba. Em Brusque, na parte odontológica, tivemos um total de 4.584 atendimentos durante todo o ano de 2020 na área de clínica geral. Já na área de especialidades odontológicas (tratamento de canal, aparelhos, próteses, implantes, etc) registramos um total de 1.696 atendimentos. Na parte médica, disponibilizamos na sede do Sintrivest consultas com ginecologista, pediatra, clínico geral, psicóloga e nutricionista, com o registro de 4.342 atendimentos em 2020. É um número muito grande, já que tudo isso acaba saindo da rede pública e vindo para o sindicato. Por isso sempre enfatizamos a importância dos sindicatos na nossa cidade, que concedem os benefícios desses atendimentos aos seus associados e dependentes”.

Convênios e parcerias

“Temos uma série de convênios e parcerias com clínicas médicas, laboratórios e profissionais em toda cidade, para atender nossos associados e associadas. É por isso que sempre destacamos o trabalho do Sintrivest e dos demais sindicados de trabalhadores, que integram o Fórum Sindical. Não tenho dúvida de que é um serviço muito importante para toda população de Brusque”.

Reembolsos

“Os reembolsos são um benefício importantíssimo aos nossos associados e associadas. A cada ano fazemos uma assembleia de prestação de contas, momento em que apresentamos todo o balanço do ano anterior e os reembolsos são sim uma soma bastante alta. É uma forma de retribuirmos aos trabalhadores que precisam. Já temos a gama de convênios, com clínicas e laboratórios, em que o associado realiza suas consultas e procedimentos com um desconto. E além disso, o sindicato reembolsa mais uma parte, que chega a 40%, dependendo do procedimento que ele faz. Sem dúvida alguma é uma ajuda bastante significativa para todos os trabalhadores e trabalhadoras associados’.

Negociação coletiva

“Em 2020 conseguimos fechar a negociação coletiva. Não avançamos em aumento real, porém, apesar de todas as dificuldades, fechamos no mês da data-base com o índice de inflação, o que foi algo importante. Nossa expectativa para 2021 é positiva, precisamos recuperar as perdas salariais. Sabemos das dificuldades que os trabalhadores estão atravessando e percebemos uma disparidade com relação àquilo que aumenta no mercado, energia elétrica, gás, combustível, ou seja, vemos aumentar os itens que precisamos consumir todos os meses e o salário permanece pequeno, com uma inflação que não entendemos como está sendo medida. Enfim, temos a perspectiva de uma negociação melhor em 2021, que as empresas possam reconhecer todo esforço da classe trabalhadora, melhorar os salários para que os trabalhadores tenham uma vida mais digna. Importante dizer ainda que o percentual negociado é o mínimo que as empresas devem repassar, ou seja, elas podem conceder um reajuste maior. Sabemos que alguma fazem isso, porém outras, concedem apenas o reajuste mínimo negociado.

Vale destacar ainda que não é o Sintrivest que dá o aumento, se assim fosse, teríamos um reajuste maior todos os anos. Este reajuste é negociado entre o Sintrivest, que quer um percentual sempre maior e melhor a cada ano, e o Sindicato patronal, que nunca aceita dar mais, sendo que nos últimos anos, conseguimos apenas os índices de inflação”.

Importância da classe trabalhadora

“Precisamos ressaltar muito a importância da classe trabalhadora, de tudo o que ela produz, da sua luta. Neste momento é preciso agradecer a todos os trabalhadores e trabalhadoras pelo seu empenho, pela sua confiança, por mais esse ano. Terminamos o ano de 2020 com o sentimento de gratidão a todas as pessoas que conseguiram atravessar as adversidades. Ao mesmo tempo, demonstramos nossa solidariedade às famílias que perderam entes queridos. Da mesma forma, aproveitamos para parabenizar os trabalhadores e trabalhadoras por toda sua garra, pela confiança e carinho depositados no sindicato”.

Expectativas 2021

“Temos a expectativa de mudanças com relação à pandemia, que possamos ter um alento agora em 2021. Com relação ao sindicato, teremos que fazer algumas mudanças neste novo ano. Em 2020 tivemos algumas reduções e ajudas para os associados, especialmente na época de redução e jornada e suspensão de contratos de trabalho. Quando veio a pandemia o sindicato reduziu o valor da mensalidade, deixamos de cobrar a Contribuição Confederativa, isso acabou fazendo falta e precisaremos discutir este assunto em 2021. Apesar dessa redução da receita, conseguimos manter todos os serviços e benefícios em 2020. Agora ficamos na torcida para que as empresas continuem operando em alta, produzindo, empregando. Queremos fazer também uma campanha de filiação, porque acreditamos que os serviços que prestamos a todos os trabalhadores da categoria são importantes. Além disso, queremos chamar ainda mais os trabalhadores para o debate, assembleias, para ouvirmos a opinião deles. Que tenhamos um 2021 de mais esperança e energia positiva”.