Mais de 33 milhões de brasileiros não têm o que comer no país. Aumento dos preços e impactos econômicos afetam a insegurança alimentar
Como forma de orientar os trabalhadores e trabalhadoras sobre os impactos econômicos do que têm ocorrido no país, e como isso afeta diretamente no dia a dia da classe trabalhadora, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque, Guabiruba e Botuverá (Sintrivest) compartilha novamente algumas informações a respeito desses assuntos.
Uma pesquisa divulgada no mês de junho, pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), revelou 33,1 milhões de pessoas passam fome no país. A falta de alimento na mesa dos brasileiros não havia sido registrada desta forma desde a década de 1990.
Insegurança alimentar
De acordo com dados da pesquisa, apenas quatro a cada dez famílias conseguem acesso pleno à alimentação. Além disso, mais 58% dos brasileiros convivem com a insegurança alimentar em algum grau, seja leve, moderado ou grave (fome), sendo mais de 125 milhões de pessoas em algum grau de insegurança alimentar.
Conforme os índices divulgados, são 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome em pouco mais de um ano, já que a pesquisa feita em 2020 apontava que a fome no país tinha voltado para patamares equivalentes aos de 2004.
“A continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora no cenário econômico, o acirramento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 tornaram o quadro desta segunda pesquisa ainda mais perverso”, destacam as informações da Rede.
Tudo isso aliado ao aumento da inflação, a falta de crescimento do país, a perda de renda dos trabalhadores, aumento do desemprego, e demais fatores.
“Em nenhum momento da história do Brasil, pelo menos que se tenha registro, o Brasil cresceu tão pouco. A consequência disso é o empobrecimento recorde da população, com tantas pessoas em situação de miséria e fome, com taxa de desemprego de cerca de 10% e uma pobreza generalizada. Curiosamente, ao mesmo tempo que se tem esse processo empobrecimento, que representa uma estagnação, uma recessão econômica, se tem uma inflação crescente, significativa. E os trabalhadores, que são a maioria da população, são os mais impactados”, comenta também o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), José Álvaro.
Retrocesso
De acordo com dados do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), os números divulgados pela pesquisa apontam um cenário de retrocesso. “Vimos cenas horripilantes, como a ‘fila dos ossos’, algo inaceitável para um país como o Brasil, que já foi referência no combate à fome. Devemos voltar nossa atenção para o fortalecimento das políticas públicas, com ações efetivas que garantam a segurança alimentar e nutricional da população”, destaca o presidente do Conselho (CFN), Élido Bonomo, que também lembra que desde 2010, o Direito Humano à Alimentação Adequada está previsto na Constituição Federal.
A pesquisa divulgada pela Rede Penssan foi realizada entre novembro de 2021 e abril de 2022, em 12.745 domicílios de 577 municípios, nos 26 estados e no Distrito Federal.
Conscientização
Mais uma vez o Sintrivest reforça que é necessário que o trabalhador entenda e se conscientize sobre a atual situação econômica, sobre as perdas que têm ocorrido, os impactos das mesmas e também sobre a importância da atuação dos sindicatos que os representam, em prol da preservação de seus direitos. Além disso, o Sintrivest reforça em como é possível mudar essa realidade, por meio da conscientização sobre a valorização dos direitos dos trabalhadores e do processo eleitoral que ocorrerá em outubro deste ano.